SILVA TELLES E OS 100 ANOS DO ENSINO SUPERIOR DA GEOGRAFIA EM PORTUGAL
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2 SILVA TELLES E OS 100 ANOS DO ENSINO SUPERIOR DA GEOGRAFIA EM PORTUGAL Edições Colibri * Associação Portuguesa de Geógrafos Logotipos na contracapa FCT e UE (?) esclarecer
3 Ficha Técnica Direcção Mário Vale Secretariado de redacção Eduardo Brito Henriques Maria José Boavida Nunho Ganho Teresa Sá Marques Conselho de redacção Álvaro Domingues Ana Ramos Pereira Emília Sande Lemos Fernanda Cravidão João Ferrão João Guerreiro José António Tenedório João Manuel Simões Lúcio Cunha Maria José Roxo Maria Leal Monteiro Maria Lucinda Fonseca Nuno Neves Teresa Barata Salgueiro Propriedade do título Associação Portuguesa de Geógrafos Edição e distribuição Edições Colibri / Associação Portuguesa de Geógrafos Correspondência APG Instituto de Ciências Sociais Av. Prof. Aníbal Bettencourt, n.º Lisboa Tel/Fax: apg@ics.ul.pt Impressão Colibri Artes Gráficas ISSN Depósito legal n.º /97 Impressa em Janeiro de 2006 Revista de distribuição gratuita para sócio da APG Preço de venda ao público: 10,50 Tiragem: 600 exemplares A opinião expressa nos artigos é da exclusiva responsabilidade dos autores Edição com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia
4 Í N D I C E Nota Editorial Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior da Geografia ARTIGOS Vincent Berdoulay - Lhistoire de la pensée géographique: enjeux cosmopolitiques Josefina Gómez Mendoza - Manuel de Terán ( ). En su centenario, evocación de un Geógrafo Ibérico Marie-Claire Robic - Approches actuelles de l histoire de la géographie en France. Du provincialisme, construire des géographies plurielles Paola Sereno - Lieux et portraits de la Géographie en Italie a lépoque Tim Unwin Years of British Geography: The challenge of relevance Ute Wardenga - German geographical thought and the development of Länderkunde NOTAS A. Campar de Almeida, Rui Missa Jacinto - A Geografia de Coimbra e a Coimbra 2003, Capital Nacional da Cultura Manoel Fernandes de Sousa Neto - Por uma História do PensamentoGeográfico no Brasil Josefina Gómez Mendonza, Jacobo García Álvarez, Daniel Marías Martínez - El grupo de trabajo de Historia del Pensamiento Geográfico de la Asociación de Geógrafos Españoles. Origen, objectivos y actividades ( ) Maria Joaquina Feijão - The History of Cartography in Portugal,
5 ÍNDICE Nota Editorial... 7 Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior da Geografia em Portugal... 9 ARTIGOS Vincent Berdoulay, «L histoire de la pensée géographique: enjeux cosmopolitiques» Josefina Gómez Mendoza, «Manuel de Terán ( ). En su centenario, evocación de un Geógrafo Ibérico» Marie-Claire Robic, «Approches actuelles de l histoire de la géographie en France. Du provincialisme, construire des géographies plurielles» Paola Sereno, «Lieux et portraits de la Géographie en Italie a l époque de son institutionnalisation» Tim Unwin, «100 Years of British Geography: The challenge of relevance» Ute Wardenga, «German geographical thought and the development of Länderkunde» NOTAS A. Campar de Almeida, Rui Missa Jacinto, «A Geografia de Coimbra e a Coimbra 2003, Capital Nacional da Cultura» Manoel Fernandes de Sousa Neto, «Por uma História do Pensamento Geográfico no Brasil» Josefina Gómez Mendonza, Jacobo García Álvarez, Daniel Marías Martínez, «El grupo de trabajo de Historia del Pensamiento Geográfico de la Asociación de Geógrafos Españoles. Origen, objectivos y actividades ( )» Maria Joaquina Feijão, «The History of Cartography in Portugal, »
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7 NOTA EDITORIAL Passaram cem anos desde a criação da cátedra de Geografia no Curso Superior de Letras, em Lisboa, no ano de 1904, ocupada por Silva Telles, um dos maiores vultos da Geografia portuguesa. A Associação Portuguesa de Geógrafos não podia deixar de assinalar esta importante data, tendo apoiado activamente um conjunto de eventos preparados por uma Comissão Organizadora, coordenada por João Carlos Garcia, a quem a APG está reconhecida pelo excelente desempenho e contributo para a divulgação da Geografia portuguesa no país e no estrangeiro. A realização do Colóquio Silva Telles permitiu reunir um conjunto de comunicações de investigadores internacionais de grande reputação no estudo da Evolução do Pensamento Geográfico em Espanha, França, Itália, Reino Unido e Alemanha. Aproveitando esta oportunidade, a INFORGEO publica essas intervenções, contribuindo para uma divulgação mais ampla, entre a comunidade geográfica nacional, das trajectórias científicas de importantes escolas do pensamento geográfico. Esta é a razão pela qual este número duplo temático apresenta uma estrutura diferente dos números anteriores. Mário Vale
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9 COMEMORAR SILVA TELLES E OS 100 ANOS DO ENSINO SUPERIOR DA GEOGRAFIA EM PORTUGAL João Carlos Garcia * Maria José Aurindo ** José Ramiro Pimenta * Ana Francisca de Azevedo *** Silva Telles ( ) o mais ilustre representante da Ciência geográfica em Portugal. Hermann Lautensach Francisco Xavier da Silva Telles (Pondá, Goa, 1860-Lisboa, 1930) é de há muito um nome maior da Geografia portuguesa, não só por ter ocupado a primeira cátedra de Geografia no ensino superior em Portugal, mas também pelos trabalhos científicos que desenvolveu e pela influência do seu magistério. Na passagem do primeiro centenário da criação da cátedra de Geografia no Curso Superior de Letras, em Lisboa, em 1904, foi proposta à Direcção da Associação Portuguesa de Geógrafos, por um grupo de sócios coordenado por João Carlos Garcia, a comemoração do facto, através de uma série de eventos que decorreram entre 25 e 27 de Novembro de Para a constituição da Comissão Organizadora foram feitos convites entre os mais jovens geógrafos dos diversos Departamentos de Geografia das Universidades portuguesas, procurando captar vontades para um campo de investigação pouco desenvolvido entre nós, o da Evolução do Pensamento Geográfico. A Comissão Organizadora contou de início com João Carlos Garcia e José Ramiro Pimenta, do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Maria José Aurindo, do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Ana Francisca de * Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. ** Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. *** Departamento de Geografia e Planeamento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Inforgeo, 18/19, Lisboa, Edições Colibri, 2006, pp. 9-17
10 10 Inforgeo 18/19 Azevedo, do Departamento de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho e Francisco Choupina, do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi nosso entendimento dar um carácter nacional, e não estritamente universitário, a estas comemorações, daí a proposta ter sido feita à Associação Portuguesa de Geógrafos e a realização decorrer na Sociedade de Geografia de Lisboa, instituição à qual Silva Telles se encontrava intimamente ligado. A proposta de programa contemplava um colóquio, uma exposição e a edição das obras de Silva Telles. Se o acolhimento da ideia junto da Associação Portuguesa de Geógrafos foi caloroso, não o foi menos na Sociedade de Geografia de Lisboa, através do seu Presidente, o Prof. Doutor Luís Aires-Barros. O arquivo, a biblioteca e a mapoteca da instituição foram postos à nossa disposição para neles efectuarmos as nossas pesquisas. Queremos aqui deixar um agradecimento particular ao Secretário da SGL, Senhor Comandante Eugénio Terra da Mota, bem como à Dr.ª Helena Grego e ao Senhor Carlos Ladeira, por todo o interesse demonstrado. Além da Sociedade de Geografia de Lisboa contámos com o apoio e atenção das Direcções e funcionários da Casa de Goa e da Biblioteca Municipal de Orlando Ribeiro, locais onde se desenrolou parte do programa comemorativo. O colóquio, ponto alto do programa, foi pensado como uma retrospectiva da evolução do pensamento geográfico europeu no último século, em torno das escolas geográficas nacionais, com as quais Portugal e a Geografia portuguesa mais contactos mantiveram: a espanhola, a francesa, a inglesa, a alemã e a italiana. Recordando as ligações estabelecidas aquando da reunião da Comissão do Pensamento Geográfico da União Geográfica Internacional, ocorrida em Lisboa, em 1998, foram convidados alguns dos mais conhecidos geógrafos estrangeiros, que trabalham neste campo. O contacto estabelecido com a Família Silva Telles Nolasco revelou-se particularmente enriquecedor, não só por toda a atenção e simpatia com que os netos e bisnetos do Prof. Silva Telles acompanharam os trabalhos dos geógrafos, como a disponibilidade que mostraram na cedência de muito e valioso material iconográfico, bibliográfico e museológico para a exposição ocorrida na Sociedade de Geografia de Lisboa. Graças a esse interesse, em particular da Senhora Dr.ª Maria Christina da Silva Telles Nolasco e do Senhor Eng.º João Pedro da Silva Telles Nolasco, contamos ser possível divulgar em breve, alguma da documentação geográfica. Paralelamente decorreu também a inventariação e recolha de informação biográfica e das obras de Silva Telles em diversas instituições: Biblioteca Nacional, Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, Arquivo e Biblioteca de Marinha, Arquivo da Reitoria da Universidade de Lisboa, Bibliotecas das Faculdades de Letras das
11 Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior em Portugal 11 Universidades de Lisboa e de Coimbra e Biblioteca Pública Municipal do Porto. A ideia inicial de preparar um volume das Obras Completas revelou- -se impossível de concretizar pela dimensão do universo encontrado. Optou- -se por organizar apenas o conjunto dos textos relacionados com aspectos teóricos e do ensino superior da Geografia, sob o título: A Ciência Geográfica. O trabalho incluiu um estudo introdutório de José Ramiro Pimenta e a revisão dos originais impressos foi feita por Nicole Devy-Vareta e Filipa Fontinha. O programa das comemorações foi publicitado pela primeira vez no V Congresso da Geografia Portuguesa Portugal: Territórios e Protagonistas organizado pela APG, na Universidade do Minho, em Guimarães, em Outubro de 2004 e esteve presente nos sítios web da Asociación de Geógrafos Españoles e da União Geográfica Internacional, graças ao interesse do Dr. Daniel Marías e do Prof. Vincent Berdoulay, respectivamente. Cartaz do Colóquio Silva Telles O Colóquio decorreu na Sala Algarve, da Sociedade de Geografia de Lisboa, nos dias 25 e 26 de Novembro de 2004, onde também esteve patente a exposição bio-bibliográfica. Na sessão de abertura usaram da palavra o Professores Doutores Luís Aires-Barros, Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, Mário Vale, Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos, e João Carlos Garcia, pela Comissão Organizadora, estando presentes na mesa o Professor Doutor
12 12 Inforgeo 18/19 Vincent Berdoulay, Presidente da Comissão de Evolução do Pensamento Geográfico, da União Geográfica Internacional e o Senhor Engenheiro João Pedro da Silva Telles Nolasco, neto do homenageado. Seguiu-se a conferência do Professor Doutor Vincent Berdoulay, da União Geográfica Internacional, sob o título L histoire de la pensée géographique: enjeux cosmopolitiques. A apresentação do convidado e a coordenação dos trabalhos estiveram a cargo do Professor Doutor João Carlos Garcia. No final da tarde foi inaugurada a exposição sobre a vida e obra de Silva Telles, organizada com materiais de duas proveniências: obras impressas (monografias e periódicos) e cartografia (manuscritos e impressos) da biblioteca e da mapoteca da Sociedade de Geografia de Lisboa; e documentação e objectos diversos (fotografias, correspondência, diplomas, diários) do espólio da Família Silva Telles Nolasco. A mostra foi estruturada em núcleos temáticos correspondentes às fases da vida pessoal e científica do homenageado: 1 A Índia Portuguesa na vida e obra de Silva Telles, 2 A Medicina: formação e divulgação, 3 Os Estudos Coloniais, 4 Os Estudos de Antropologia, 5 A Família e os Amigos, 6 A Ciência Geográfica, 7 O Ensino da Geografia, 8 O Trabalho de Campo, 9 A Divulgação Científica, 10 Silva Telles: cidadania e política. A Sociedade de Geografia de Lisboa expôs igualmente o retrato de Silva Telles inaugurado aquando da sessão solene em sua homenagem realizada por aquela instituição, em Na abertura da exposição foi distribuído um guião preparado por João Carlos Garcia e Maria José Aurindo, que incluía uma tábua biográfica do Prof. Silva Telles e a sua bibliografia activa e passiva, bem como a descrição física de todas as peças expostas.
13 Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior em Portugal 13 Maria Aurindo Inauguração da exposição sobre a vida e obra de Silva Telles Maria Aurindo O secretariado do colóquio esteva a cargo dos Drs. Jorge Macieirinha Ribeiro e Nuno da Silva Costa, bolseiros de investigação científica do Instituto de Investigação Científica Tropical. O segundo dia de trabalhos iniciou-se com a conferência da Professora Doutora Josefina Gómez-Mendoza, da Universidad Autónoma de Madrid, sob o título, El Pensamiento Geográfico en España, seguindo-se-lhe as conferências da Professora Doutora Marie-Claire Robic, do Centre Nationale de la Recherche Scientifique, de Paris, Approches actuelles de l histoire de la Géographie en France, e da Professora Doutora Paola Sereno, da Universidade de Turim, Lieux et portraits de la Géographie en Italie à l époque de sa institutionalisation. A apresentação dos convidados e a coordenação dos trabalhos esteve a cargo da Professora Doutora Nicole Devy-Vareta. Durante a tarde foram apresentadas as conferências dos Professores Doutores Tim Unwin, da Universidade de Londres, sob o título 100 Years of British Geography: the challenge of relevance, e Ute Wardenga, da Universidade de Leipzig, German Geographical thought and the development of Länderkunde. A apresentação dos convidados e a coordenação dos trabalhos esteve a cargo da Professor Doutor Jorge Malheiros. A terminar falou o Professor Doutor Ilídio do Amaral, professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e antigo Reitor da mesma Universidade, sobre o tema: Silva Telles e os cem anos da Geografia
14 14 Inforgeo 18/19 em Portugal. Intervenção do Professor Doutor Ilídio do Amaral Maria Aurindo A segunda jornada de trabalhos terminou na Casa de Goa, em Alcântara, já que a comunidade goesa não quis deixar de se associar a estas comemorações. Na apresentação do volume A Ciência Geográfica. Obras de Silva Telles, com introdução de José Ramiro Pimenta (Lisboa: Associação Portuguesa de Geógrafos, 2004), usaram da palavra os Professores Doutores Narana Coissoró, Presidente da Casa de Goa, Mário Vale, Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos, e Jorge Gaspar, Presidente do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que recordaram Silva Telles como goês e como geógrafo. Seguiu-se um apontamento musical pelo Grupo Ekvat da Casa de Goa que executou música tradicional de Goa. No salão de festas da instituição foi descerrado um retrato do Prof. Silva Telles. Terminou esta simpática recepção pela comunidade goesa com uma merenda típica. Este simpático acolhimento foi possível devido à colaboração de José Maria Furtado e Joaquim Manuel Lopes Pereira, respectivamente Secretário- -Geral e Director Financeiro da Casa de Goa, a quem deixamos os nossos sinceros agradecimentos por toda a ajuda prestada. A manhã de Sábado decorreu nas instalações da Biblioteca Municipal de Orlando Ribeiro, em Telheiras. A primeira intervenção foi feita pela Professora Doutora Suzanne Daveau, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, que falou sobre a vida e obra de Orlando Ribeiro e, particularmente, sobre a sua biblioteca e espólio científico, apresentando o site Orlando Ribeiro, desde
15 Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior em Portugal 15 então disponível na internet, em: Intervenção dos Professores Doutores Narana Coissoró e Jorge Gaspar Maria Aurindo Maria Aurindo
16 16 Inforgeo 18/19 Narana Coissoró recebendo convidados e comissão organizadora na Casa de Goa Maria Aurindo Professora Doutora Suzanne Daveau, do CEG-UL, apresentando o site Orlando Ribeiro Durante a segunda parte da manhã decorreu uma mesa redonda sobre O Ensino Superior da Geografia em Portugal, coordenada pelo Professor Doutor Mário Vale, tendo em vista o ponto da situação do ensino da Geografia em Portugal, no seu enquadramento europeu, à luz do Processo de Bolonha. Estiveram presentes como representantes dos diversos Departamentos de Ensino Superior de Geografia: Professora Doutora Eduarda Marques da Costa da Universidade de Lisboa; Professor Doutor António Campar, da Universidade de Coimbra; Professor Doutor Hélder Marques, da Universidade do Porto; Professor Doutor João Sarmento, da Universidade do Minho; Professor Doutor José Lúcio, da Universidade Nova de Lisboa; Professora Doutora Virgínia Henriques, da Universidade de Évora; e Doutor Jorge Gonçalves da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. No entretanto, os convidados estrangeiros fizeram uma visita às modernas instalações da Biblioteca Municipal de Orlando Ribeiro, guiada pela Dr.ª Paula Pereira, seguindo-se um percurso pelo Centro Histórico de Lisboa, nos bairros da Mouraria, Castelo e Alfama. Por fim, não queríamos deixar de agradecer a todas as instituições que nos apoiaram: Câmara Municipal de Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, British Council (Reino Unido) e
17 Comemorar Silva Telles e os 100 anos do Ensino Superior em Portugal 17 Ministère des Affaires Étrangères (França). Maria Aurindo Mesa redonda sobre O Ensino Superior da Geografia em Portugal Posteriormente aos eventos de Lisboa, uma parte da exposição bio- -bibliográfica sobre Silva Telles foi reposta no átrio da Biblioteca Central da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, durante o mês de Março de Esse facto só foi possível pela disponibilidade e interesse dos Drs. Isabel Leite e João Emanuel Leite, da direcção daquela instituição, a quem muito agradecemos. Este nosso investimento em torno da figura de Silva Telles dará como próximos frutos: a reposição da exposição bio-bibliográfica na Universidade do Minho, ao cuidado do respectivo Departamento de Geografia, e a publicação de um número especial da série Memórias da Sociedade de Geografia de Lisboa, dedicado a Silva Telles. Através dele se divulgarão alguns dos principais momentos ocorridos na instituição e documentos então exibidos: o programa do colóquio, as intervenções dos Professores Doutores Aires- -Barros e Ilídio do Amaral, a tábua biográfica e a bibliografia do Prof. Silva Telles e o catálogo da exposição, com a reprodução de algumas das fotografias históricas e a transcrição de peças da correspondência. Responderemos assim ao amável convite que nos foi endereçado pelo Prof. Aires-Barros, Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa. O projecto de futuro é o da edição crítica dos restantes estudos de Silva Telles, de modo a colocar à disposição da comunidade dos geógrafos portu-
18 18 Inforgeo 18/19 gueses, em particular, e do público, em geral, a Obra Completa do autor.
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21 L HISTOIRE DE LA PENSÉE GÉOGRAPHIQUE: ENJEUX COSMOPOLITIQUES Vincent Berdoulay * Pour introduire mon propos, je voudrais faire écho à quelques dates. 1998: l année et le lieu de l Exposition internationale de Lisbonne, où s affiche symboliquement l ouverture du Portugal contemporain au monde, sont aussi ceux d un important colloque de la Commission de l Union géographique internationale sur l Histoire de la Pensée géographique (Lisbonne, fin août). Comme l ont souligné ses organisateurs locaux (Alegria & Garcia, 1998), elle a permis de faire connaître les recherches d une quarantaine de géographes de 15 pays différents avec lesquels les géographes portugais n avaient eu que peu de contact jusqu alors. Or, cette réunion a eu aussi le mérite de montrer combien l évolution des idées géographiques était liée aux modalités de leur propre circulation internationale: Comprendre comment les idées circulent et se transforment dans le processus lui-même, et comprendre comment le déplacement lui-même induit une transformation de la connaissance, cela permet de mieux saisir l interrelation des idées et de leurs contextes (Berdoulay et Gómez Mendoza, 1998, p. 15). La réunion de Lisbonne constitua une occasion intéressante pour le géographe d appliquer sa propre démarche à l histoire de sa discipline. Mais en même temps, une interrogation et un espoir se dessinaient face au spectre d une uniformisation du monde ou à celui de sa fragmentation: Entre uniformisation et fragmentation, la compréhension des modalités de circulation des idées géographiques peut aider à préserver et encourager une perspective mondiale sur la diversité créatrice (ibid.). C est à ce type de préoccupation que mon propos veut faire référence. Mais d abord, deux autres dates. * UMR 5603 CNRS-UPPA. Universidade de Pau. Inforgeo, 18/19, Lisboa, Edições Colibri, 2006, pp
22 22 Inforgeo 18/ : Point de repère choisi pour célébrer un siècle de géographie académique au Portugal (Silva Telles, rééd. 2004), c est aussi l année du centenaire de la création de l Association des Géographes Américains (AAG). Si je rapproche les deux événements, c est pour montrer que se pose la question du devenir et de la place actuelle d une géographie nationalement constituée sur la scène internationale. Est-ce que 1904 symbolise une extension de la géographie qui s est déjà constituée ailleurs en Europe? Ou symbolise-t-elle une formulation singulière, avec une personnalité propre? Ou exprime-t-elle la renaissance de la grande tradition géographique portugaise inaugurée dès la fin du Moyen Age? En somme, les questions soulevées au colloque de Lisbonne en 1998 demeurent pertinentes. Enfin, un siècle plus tôt, 1804 correspond à l année de la mort d Emmanuel Kant, dont l œuvre marque fondamentalement la façon dont la Modernité est formulée. Il venait de publier quelques années auparavant Zum ewigen Frieden, un Projet de paix perpétuelle, dans lequel il tirait parti de nombre de ses précédentes méditations philosophiques, politiques et géographiques. Ce projet s inscrivait dans sa volonté d énoncer les fondements et les principes d une cosmopolitique, c est-à-dire d une politique permettant de faire cohabiter les habitants de la Terre. 1804, c est aussi l année de la fin du grand périple scientifique d Alexandre de Humboldt en Amérique: son retour en Europe symbolise deux mouvements particuliers de mondialisation. Le premier est celui du retour d expérience l information recueillie doit être traitée scientifiquement alors que le second mouvement correspond à la présence active d un nouveau monde sur une scène scientifique qui était jusque là fondamentalement européenne. Or ce double mouvement de mondialisation va paradoxalement se déployer en rapport avec une Europe scientifique qui se restructure et s institutionnalise sur des bases de plus en plus nationales. Ces quelques points de repères suffiront pour évoquer combien il y a de la géographie politique dans l évolution de la pensée géographique, ou plus exactement combien cette histoire est liée à des enjeux cosmopolitiques. Ne s agit-il pas comme le désigne ce terme de rapports entre mondes différents, entre l universel et la diversité? J aborderai ici quelques aspects de ce questionnement à partir de l observatoire qu a constitué pour moi la Commission de l UGI sur l Histoire de la Pensée géographique, dans laquelle j ai exercé les fonctions de président pendant les derniers 8 ans ( ) et aux activités de laquelle j avais déjà participé peu après ses débuts. Certes, il s agit d un point d observation qui ne peut pas prétendre à la représentativité de la recherche en ce domaine. En revanche, la Commission, qui s est trouvée à la croisée de multiples courants et intérêts de part le monde, tantôt les subissant, tantôt en étant l instigatrice, fournit un précieux échantillon de ce que l international a pu provoquer comme débat d idées. Fondée en 1968 au sein de l UGI Union scientifique déjà bien marquée par des enjeux géopolitiques dès ses
23 L Histoire de la Pensee Géographique 23 origines (Robic et al., 1996) la Commission témoignait du désir des géographes de faire le point sur l évolution de leur discipline. Or, ce n est que progressivement que la Commission a traduit une inquiétude quant aux modalités de mondialisation de la pensée géographique. Je commencerai donc par rappeler les relations entre le souci de mondialisation et l attention portée à la diversité à travers les thèmes traités par la Commission. Je montrerai ensuite combien cet élan a été pénétré, modifié, voire freiné, par le postmodernisme. Enfin, j évoquerai certains thèmes qui, depuis quelque temps, servent à éviter les impasses auxquelles le postmodernisme mène fréquemment, et à esquisser quelques conditions d un renouveau de l histoire de la pensée géographique dans une perspective plus cosmopolitique. Une interrogation croissante sur la mondialisation et la diversité L élargissement progressif de l éventail d intérêt des géographes qui se sont penchés sur l histoire de leur discipline est bien illustré par l évolution des activités de la Commission (Buttimer, 1998; Berdoulay et Mendoza, 2003). Elles témoignent d une mondialisation certes encore incomplète du regard des géographes sur leur histoire. Les premiers travaux ont mis l accent sur l étude des grandes personnalités de l histoire de la discipline, auxquelles on ajoutait celles que l on jugeait injustement méconnues. La perspective dominante reflétait à la fois un désir de faire connaître l histoire de la géographie et un souci de l élargir à des points de vue moins officiels. Ce faisant, c est un nombre croissant de contributeurs à la pensée géographique qui a été mis en valeur, comme en témoigne la collection patronnée par la Commission depuis 1974, Geographers: Biobibliographical studies. L élargissement dans le temps et dans les types d activités jugées géographiques fait écho à un élargissement territorial: progressivement, des habitants de diverses parties du monde ont commencé à trouver une place dans une histoire de la géographie qui était initialement abordée comme une question purement universitaire, européenne ou étatsunienne. Parallèlement, l étude des liens entre les géographes étudiés a encouragé celle des écoles de pensée. Les grandes écoles nationales du début du XXe siècle ont alors attiré l attention: la cohérence relative de leurs travaux, leurs mutations, leurs diverses institutionnalisations (par ex., Babicz, 1980). Mais dans l ensemble, les débuts de la Commission ont privilégié sinon induit une conception très universitaire et contemporaine de la géographie, c est-à-dire très occidentale, masculine, moderne. Les velléités d inclure un plus large éventail d idées se perdaient dans l anecdotique, tant le poids de la conception universitaire récente de la géographie pesait sur l évaluation des contributions des personnes étudiées. Il fallait dépasser l enfermement de cette logique.
24 24 Inforgeo 18/19 Une première voie a été ouverte par l intermédiaire de la remise en question du référent universitaire et de la recherche des prétendues influences. Cette voie correspondait à un radicale remise en question de la conception positiviste de l évolution des sciences, selon laquelle celles-ci progressent de façon linéaire, par l accroissement cumulatif des connaissances et par l objectivité des démonstrations. La clé opérationnelle de ce changement de cap a été fournie par la mise au point et la mise en application de l approche contextuelle (Berdoulay, 1981a et b). Quoique difficile à mettre totalement en œuvre, tant les liens et les médiations qui relient les idées scientifiques à leur contexte sociétal sont nombreux et complexes, cette approche a fait sauter le verrou dans lequel la vision purement académique de la discipline enfermait la compréhension que l on avait de son histoire (ibid.; Stoddart, 1981; Capel, 1982; Buttimer, 1993; Gomes, 1996; Dunbar, 2001). D importantes ouvertures sur le monde ont ainsi pu se dessiner, notamment par l intermédiaire d une prise de conscience de la diversité des sources de la créativité géographique. En effet, en montrant la complexité qui préside à l écologie de la pensée géographique, on voit comment l ancrage local de celle-ci dépend des institutions mais aussi des savoirs professionnels et des savoirs pratiques (ou ethnogéographiques ) développés par toute civilisation. Par ce souci pour la compréhension du terreau où se développe la pensée géographique, par l étude des multiples savoirs géographiques concernés, la curiosité des historiens de la géographie s est plus facilement élargie à des parties du monde qui avaient paru échapper à l influence des grandes écoles nationales, notamment allemande, française, russe et anglo-américaine (Buttimer, 1992; Berdoulay & van Ginkel, 1996; Buttimer, Brunn & Wardenga, 1999; Takeuchi, 2000). L étude du contexte des constructions nationales a particulièrement retenu l attention, car, si elle valorise la pensée géographique qui lui fait écho, elle s étend facilement à la question de l inscription territoriale de peuples sans états et aux questions ethnogéographiques en général (Hooson, 1994). Pour que l ouverture des recherches sur l évolution de la pensée géographique à toutes les cultures ne débouche pas sur une juxtaposition d études sans rapport les unes avec les autres, on a senti le besoin de se pencher sur les flux, sur la circulation des personnes et des idées, comme illustré par le colloque de Lisbonne de 1998 déjà évoqué (Berdoulay & Gómez Mendoza, 1998). La perspective s enrichit du regard géographique appliqué à lui-même, comme l y invitait l approche contextuelle. Il faut souligner que cette perspective a porté essentiellement sur une histoire qui cherche à être mondiale et non sur une histoire qui serait celle de la mondialisation avec tout son cortège de processus économiques, financiers et idéologiques. Or il y a interaction entre elles, et c est précisément autant dans le temps long que dans l extension territoriale que se sont manifestés des enjeux intrinsèque-
25 L Histoire de la Pensee Géographique 25 ment liés aux langages employés pour penser le monde. Par exemple, certains auteurs, en s appuyant sur le cas franco-espagnol, ont montré la nécessité de faire varier l échelle d observation et de chercher les clés d interprétation qui permettent de convertir les apports d une école nationale à une autre (Gómez Mendoza, Ortega Cantero & García Álvarez, 2003). C est aussi à la croisée des préoccupations pour une histoire mondiale de la géographie et pour ses langages que s est engagée une réflexion sur les modèles d écriture, ou de façon plus générale, sur les genres géographiques comme un moyen de dépasser la multiplicité des discours et pour échapper aux catégorisations en sous-disciplines et aux critères actuels de scientificité (Laplace, 2003). Les processus de construction territoriale, parce qu ils passent par la connaissance, font écho à des processus de construction cognitive du monde, et parmi eux, la pensée géographique, quel que soit son degré de formalisation et d institutionnalisation, y participe pleinement (Casti, 1998; Mercier, 2000; Mendoza Vargas et al., 2002). La question du langage avait très tôt retenu l attention de la Commission dès son colloque de Kyoto en 1980 notamment de la part de collègues japonais préoccupés de thèmes à caractère sémiologique (Suizu et al., 1980). Or, l intérêt de cette question est de ne pas se limiter au langage comme simple outil pour exprimer une pensée qui lui serait indépendante. Elle consiste au contraire à évaluer toute l épaisseur du langage, à montrer combien l évolution des idées dépend des moyens mobilisés pour les exprimer. Cette perspective discursive (formulée par Berdoulay, 1988) sur l évolution de la géographie permet de ne pas exclure des formes de pensée qui ne correspondraient pas aux conceptions dominantes. Elle a ouvert notamment la voie aux recherches qui se fondent sur le genre géographique, en tant que modalité cognitive, à la fois particulière et diverse, où convergent la pensée et l expression, l auteur et le lecteur, et qui relativise la question des critères de scientificité du discours. A cet égard, il devient clair qu en histoire de la pensée géographique, la rationalité du discours ne peut se limiter aux canons scientifiques exprimés par certains géographes universitaires occidentaux. La critique de la conception positiviste de la science a permis de voir que la rationalité ne se restreint pas à ce que le langage cartographique ou mathématique permet d exprimer. Il y a les ressources offertes par le langage naturel, et son interaction avec d autres langages (par exemple, artistique). D autres rationalités entrent alors en ligne de compte. Par exemple, la pensée mythique, qui fonde des savoirs et inspirent des pratiques dont la validité se veut corroborée par l expérience et l efficacité, prend une toute nouvelle importance dans l histoire de la pensée géographique, tant dans la tradition occidentale que dans les autres civilisations (Berdoulay & Turco, 2001). Ainsi se sont esquissées, à travers l attention portée au langage, des recherches visant à comprendre l articulation du particulier et du général, afin
26 26 Inforgeo 18/19 de dépasser une histoire de la géographie qui serait exclusivement occidentale, c est-à-dire reposant sur la seule exportation d idées européennes ou étatsuniennes, ou bien considérant celles-ci comme le critère unique d évaluation. Il est clair que trop souvent les histoires de la discipline, quand elles mentionnent les contributions d autres civilisations, les situent dans un passé révolu, sans continuité avec le présent, ou bien les résorbent dans la logique dite occidentale, par réinterprétation ou par participation. Cette approche s est avérée d autant plus choquante que la géographie est une science qui n est que partiellement formalisée et qui surtout comporte intrinsèquement une dimension sociale, culturelle et territoriale. Toutefois, l ouverture, dont témoignent les activités de la Commission, sur la multiplicité des expériences géographiques dans le monde ne pouvait éviter de croiser le défi posé par la critique postmoderniste de la pensée scientifique. Les sirènes postmodernistes La crise contemporaine de la modernité correspond à de profonds changements dans la façon dont l individu conçoit sa relation au monde naturel et humain. C est dans ce contexte que la position postmoderniste a été perçue très tôt comme un défi posé à la pensée géographique (Berdoulay, 1989). L histoire de la pensée géographique n a pas été insensible à ce mouvement. On peut même dire qu à son échelle, elle y a participé. En effet, elle était concernée par les nombreuses critiques postmodernistes d une modernité occidentale vue comme partisane, hégémonique, oppressive vis-à-vis des populations ne retenant pas les mêmes critères de rationalité et de progrès (Soja, 1993). La diversité des représentations se devait d être brandie face à la domination des intérêts qui s affichaient comme universels mais qui étaient, en fait, particuliers. La Commission a été l enjeu, direct ou le plus souvent indirect, de ce type de débats: elle révèle bien le paradoxe d un mouvement le postmodernisme qui aboutit, à mon avis, au contraire de ce qu il affiche. Ainsi s illustre l idée, toujours à mon avis, que le postmodernisme ne serait qu un des avatars de la modernité la plus critiquable. Alors que les activités de la Commission témoignaient d une volonté croissante de se dégager d une histoire de la pensée géographique qui soit purement occidentale (c est-à-dire centrée sur l Europe et les Etats-Unis), les géographes postmodernistes ont affiché leurs convictions avec une telle force que les acquis antérieurs ont été balayés sans concession. Le bébé n était-il pas été jeté avec l eau du bain? Certes, la critique postmoderniste et très pertinente des jeux de pouvoir derrière l imposition d une rationalité occidentale étroitement européo- -américaine et donc faussement universelle légitime la redécouverte de savoirs géographiques issus des populations les plus diverses et trop longtemps
27 L Histoire de la Pensee Géographique 27 laissées dans l ombre. En effet, nous connaissons mal l histoire de la pensée géographique dans toute sa diversité temporelle et spatiale. Corriger cet état de fait correspond à une aspiration aujourd hui largement répandue qui se retrouve à propos de toutes les connaissances scientifiques, mais qui pose de difficiles problèmes pour la satisfaire (Saldaña, 2000; UNESCO, 1996 et 2000). Certains se sont bornés à reconnaître l existence de quelques foyers anciens de création, non-européens, mais qui finissent par se résorber dans un main stream occidental. A l opposé, certains postmodernistes rejettent cette présentation téléologique de l évolution de la pensée scientifique (et donc géographique) et insistent sur le caractère hétérogène et fragmentaire de celle-ci, sans illusion sur son éventuelle unité. En même temps, la crise des représentations portée par le postmodernisme a accentué les interrogations sur le statut du langage et des discours dans la connaissance mais aussi dans la construction du monde. En leur conférant un rôle primordial, les postmodernistes ont eu tendance à réduire la réalité aux jeux de langage et au discours. Ayant moi-même cherché à dégager la portée du niveau discursif de la production géographique pour comprendre son histoire et sa dynamique (Berdoulay, 1988), j ai parfois été interprété comme un auteur qui se perdait dans le plus grand relativisme postmoderniste Une ambiance postmoderniste, aboutissant à un relativisme et une fragmentation croissante de la connaissance, a imprégné une partie des travaux de la Commission. Comme le note A. Buttimer dans son bilan des activités de la Commission (1998, p. 96): In the 1990s many scholars have shied away from inherited meta- -themes such as paradigms, metaphors, and even epistemes. From being a universal project, scientific thought is regarded as invariably shaped by local and specific situatedness. Grand narratives are now frowned upon and enthusiasm grows about regional styles and the political geography of scientific subcultures. Conformément au credo postmoderniste selon lequel tout se vaut, toutes les façons de concevoir la géographie sont également bonnes. Il en est découlé un foisonnement d études sur les géographies les plus diverses contenues dans les aménagements humains de la terre. Le congrès international de La Haye (Den Haag) en 1996 correspond certainement à l apogée de ce point de vue dans les activités liées à la Commission. Les sessions d histoire de la pensée géographique regroupant les communications soumises spontanément ont présenté un large éventail d études, où se distinguait un fort intérêt pour la géographie des religions: elles allaient des caractéristiques des temples bouddhistes en Corée à l écologie religieuse d une vallée indienne. La tournure postmoderniste prise par nombre de ces travaux a certes enrichi la connaissance sur le vaste spectre des représentations de tout ce qui
28 28 Inforgeo 18/19 peut être rapporté à la pensée géographique des habitants de la terre. Mais on apprend plus sur les différences que sur les processus généraux qui peuvent apporter une perspective mondiale sur l élaboration de la pensée géographique. En amplifiant la fragmentation du monde au détriment des modalités qui la compensent, ces recherches n ont pas échappé aux impasses du postmodernisme pour fonder un monde commun. Qui plus est, l histoire de la pensée géographique s est retrouvée comme diluée au sein d autres branches de la géographie. Comme en témoigne le congrès de La Haye, elle s est le plus souvent confondue avec la géographie historique, voire la géographie culturelle ou encore l ethnogéographie. A ce congrès international, comme à celui de Séoul (2000), bien des communicants et souvent parmi les plus jeunes ont succombé aux sirènes postmodernistes en préférant participer aux sessions qui étaient structurées sous cette influence. Il est vrai que le brouillage des frontières entre branches de la géographie, comme de tout savoir, s avère très utile; mais il comporte aussi des aspects négatifs quant à la profondeur de la vision apportée par la discipline. On a ainsi perdu la vision universelle, et à cette perte s ajoute une grande absente: la réflexivité. C est pourtant la force et l intérêt du courant de recherche incarné par l histoire de la pensée géographique, et pas nécessairement l objectif premier d autres branches de la géographie. Et un inconvénient ne va pas sans l autre: en se diluant au profit d autres sous-disciplines, cette approche accentue la vision fragmentée de la pensée géographique, et surtout elle ne tient pas compte de la double distanciation épistémologique que l histoire de la pensée géographique exige entre les géographes étudiés et leurs objets de recherche, et entre l historien de la géographie et la pensée des géographes étudiés. En somme, face à la difficulté de concevoir la diversité ethnogéographique en rapport avec l unité de préoccupation qui correspond à la pensée géographique, le congrès international de 1996 a constitué un moment où il a semblé important à la Commission de redresser la barre. Le problème relevait moins de l amélioration de connaissances empiriques que de la révision de nos conceptions historiques et épistémologiques. Cela revenait à soulever à nouveau la question de l autonomie de l histoire de la pensée géographique. Il y a plus d un siècle, aux débuts de la géographie universitaire, la question s était déjà posée, et la distinction entre géographie historique et histoire de la géographie a eu du mal à se faire, tant les démarches semblaient se confondre (Claval, 1972; Bassin & Berdoulay, 2004). Ce n est que par le surcroît de réflexivité apporté par l inquiétude épistémologique lovée dans l histoire de la pensée géographique que ces deux branches ont pu clairement se distinguer pour investir des champs différents, quoique complémentaires, et démultiplier l apport du géographe. Mais il y a une différence significative entre la problématique de cette époque et la nôtre. En effet, le postmodernisme a entraîné une très forte idéo-
29 L Histoire de la Pensee Géographique 29 logisation de l histoire de la pensée géographique. Au nom de la critique qu il fait des présupposés modernistes qui ont traversé la pensée géographique, il prétend dégager des fondements nouveaux pour la géographie. L histoire devient plus un recueil d effets de pouvoirs injustes à dénoncer et d idées à déconstruire, que le vaste champ dans lequel s est déployé avec méthode l effort humain pour se donner les moyens de mieux comprendre le monde. C est ainsi, par exemple, que la critique postcoloniale s est portée légitimement sur la dénonciation de processus de domination, et notamment sur la part considérable qui revient aux discours; mais la concentration exclusive sur ces processus laisse de côté les tâtonnements des acteurs, leurs initiatives, et les expérimentations dont la portée fut considérable, notamment pour la pensée aménagiste (Godlewska et Smith, 1994; Soubeyran, 1997). Au fond au risque de la provocation je dirais que le parti pris postmoderniste semble avoir plus appauvri l histoire de la pensée géographique qu il ne l a enrichie. La puissance du courant postmoderniste a eu un effet analogue à celui du néopositivisme lors de la révolution quantitative : l histoire de la géographie était vue comme un recueil d erreurs et d impasses à éviter, à quelques exceptions près (celles des prétendus précurseurs ), et elle pouvait être résumée (sinon expédiée ) rapidement. Pour nuancer l analogie avec les effets de la vague néopositiviste, on peut noter que le postmodernisme invite davantage à revisiter le passé pour y détecter les jeux de pouvoir et de discours. Mais ce faisant, l histoire de la pensée géographique fait véritablement place à de la géographie historique. Le paradoxe est alors à son comble. Au nom du relativisme qu impose la critique de la pensée moderniste, le postmodernisme induit un point de vue qui se mue rapidement en celui du détenteur de vérité. L effet de mode et le substrat le plus souvent néo-marxiste de ses partisans y sont certainement pour beaucoup (Claval, 1992). Soumise à ces nouveaux dogmes, l histoire de la pensée géographique se peuple de visions stéréotypées qui sont le contraire même du meilleur de ce qu elle a pu apporter. Beaucoup de jeunes chercheurs, leurrés par les certitudes du postmodernisme, se sont détournés de l approfondissement de l histoire de la pensée géographique, préférant la subsumer sous une géographie historique, comme l ont illustré leurs propres communications au congrès de Séoul. Pour aggraver cette mauvaise passe traversée par l histoire de la pensée géographique, il faut souligner qu elle a été soumise à la conjonction de ce postmodernisme triomphant avec une hégémonie mondiale croissante des institutions scientifiques anglophones sur la recherche. Le transfert des modes de fonctionnement de l AAG (Association of American Geographers) sur l UGI en est un exemple caractéristique. Surtout, la domination linguistique de l anglais dans l institutionnalisation actuelle de la communication scientifique ne favorise pas, loin s en faut, l internationalisation de ses contribu-
30 30 Inforgeo 18/19 tions. Et ce, d autant plus que les revues prétendument internationales de langue anglaise s avèrent très localistes (Schmitz, 2003; Garcia-Ramon, 2003; Coll-Hurtado, 2003). En fait, l homogénéisation qui en découle est fortement imbriquée aux intérêts économiques et politiques qui structurent de façon croissante l espace de la publication scientifique et la gouvernance universitaire (Kitchin, 2003; Paasi, 2005). Par un retournement qui n est pas exceptionnel dans l histoire des idées, le postmodernisme qui prêchait un relativisme apte à reconnaître les différences culturelles a conduit à promouvoir une dépendance de l histoire de la pensée géographique à l égard d une vision hégémonique et nombriliste induite par une culture particulière. Le postmodernisme, comme bien des idéologies qui semblent contester une domination, ne finit que par la conforter. On voit combien l histoire de pensée géographique peut servir à se distancier de tels enjeux particuliers, sinon impériaux, et combien elle peut être utile au développement d une pensée cosmopolitique. Une sortie de crise autour de quelques thèmes Depuis 1996, la prise de conscience progressive, au sein de la Commission, de la nécessité d affronter la crise postmoderne de l histoire de la pensée géographique a conduit à la recherche d un renouvellement du regard qu elle avait induit jusque là. Elle a tout d abord cherché à insister sur le caractère indispensable de la dimension réflexive dans la contribution que peut apporter l histoire de la pensée géographique. Les efforts ont porté sur la compréhension des rapports entre idées et contextes dans l histoire des approches géographiques de la diversité, de la fragmentation et des changements du globe. En effet, les conflits contemporains, souvent violents, liés à la fragmentation politique et culturelle du monde nous invitaient non seulement à renouveler notre regard sur la pluralité de la façon de concevoir l occupation humaine de la terre, mais aussi à identifier les conditions et les moyens qui permettent de les rendre compatibles, de les faire coexister pacifiquement, de répondre, en somme, à une aspiration cosmopolitique. Il fallait revenir sur les manières dont la pensée géographique avait conceptualisé la diversité culturelle, la biodiversité et l échelle mondiale, et voir comment elle avait essayé de réconcilier les points de vue divergents. Notamment, la conscience progressive de l échelle planétaire des enjeux environnementaux sollicitait un examen critique des grands courants intellectuels de la modernité qui avaient structuré nos visions du monde et cadré scientifiquement les travaux géographiques. L objectif de la Commission a donc été de favoriser l étude à la fois mondiale et interculturelle de la pensée géographique, afin de contribuer à une vue réflexive de la pratique de la géographie.
31 L Histoire de la Pensee Géographique 31 C est dans cet esprit que s est tenu le colloque de Lisbonne, déjà évoqué, où l accent a été mis sur l importance de comprendre la circulation des idées dans la genèse des divers courants de pensée qui se sont momentanément stabilisés selon les pays et les époques (Berdoulay et Gómez Mendoza, 1998). Le contexte fourni par la chute des régimes communistes et par l augmentation des conflits politiques et culturels partout dans le monde a aussi encouragé l étude des influences religieuses et idéologiques sur la construction de la connaissance géographique (Wardenga et Wilczyński, 1998). L histoire de la pensée géographique a un rôle à jouer non seulement pour clarifier les enjeux mais surtout pour renouveler les interprétations établies sur la genèse des connaissances territoriales les plus communément utilisées par les acteurs sociaux et politiques. Elle montre quelles barrières et incompréhensions peuvent surgir dans un contexte interculturel et mondial. C est encore dans cet esprit qu ont été réexaminés les antécédents du discours géographique sur les changements du globe et sur l idée du développement durable (soutenable) qui lui est liée (Berdoulay et Soubeyran, 2000; Armstrong et Lumley, 2004). Il est notamment apparu que les idées constitutives de ces préoccupations sont anciennes mais qu elles ont commencé à se nouer lors de la fondation même de la pensée aménagiste moderne. En particulier, le détour par l expérience coloniale montre qu on y trouve énoncés les grands enjeux et les grandes approches de l incorporation des questions environnementales dans l aménagement. C est ce jeu de miroirs entre l expérience aménagiste de la colonisation et les enjeux actuels du développement durable qui permet de dépasser les aspects négatifs de celui- -ci et d en mieux cerner le potentiel d originalité pour l action aujourd hui. Confortée par ce type de recherche où l on s efforce d échapper aux chausse-trappes du postmodernisme, la Commission a ensuite resserré son questionnement sur la polarisation de l histoire de la pensée géographique entre la fragmentation et l universalité. Il s est agi de poursuivre l examen critique des façons dont la géographie s est enrichie de la diversité issue de points de vue divergents, et des façons dont elle a essayé de les réconcilier dans des contextes particuliers. C est dans cette orientation à caractère cosmopolitique que le croisement de trois grands objectifs a alors structuré les activités de la Commission. Le premier d entre eux a, bien sûr, été de continuer à avancer dans la reconnaissance des problèmes posés par la volonté de faire une histoire de la géographie qui soit véritablement mondiale, c est-à-dire qui tienne compte de sa diversité selon les pays et les époques autant que de normes scientifiques largement partagées, ce qui anima beaucoup les débats lors du symposium de la Commission à Mexico en 2001 dans le cadre du congrès international d histoire de la science (Berdoulay et Mendoza Vargas, 2003). Le principal problème tourne autour de la difficulté à éviter la fragmentation induite par le postmodernisme sans pour autant sacrifier l essentielle diversité
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